Na trilha de Valéry: algumas cidades são mudas, outras falam e, as mais raras, cantam. Desdenhem as mudas pois limitam-se a saciar a ganância dos especuladores. Brasília fala e canta. Ao falar, fala das coisas práticas: onde trabalhar, morar, circular, se recrear. É o sentido relativo. Já o sentido geral não se exaure na satisfação das necessidades práticas, refere-se à ordem das coisas estéticas, sentido motivado pela tendência infinita de aspirar um viver melhor. Brasília canta o conviver afetivo pela beleza, para Stendhal, promessa de felicidade. Cruzando-se, os eixos apontam para o sentido geral assim enunciado por Lucio Costa: "O monumental e o doméstico entrosam-se num todo harmônico e integrado". A composição plástica separa o coletivo do individual para reuni-los como um todo, reconhece assim a identidade na diferença que é, para Holderlin, a essência da beleza.
Matheus Gorovitz, arquiteto e professor da FAUUnB
sexta-feira, 11 de junho de 2010
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